quinta-feira, outubro 28, 2010

Parte I e Parte II

A recandidatura do actual Presidente da República é uma necessidade imperiosa no meio do temporal que se abate sobre o País. Cavaco Silva será sempre uma voz de autoridade, de imparcialidade e de reconhecimento, assegurada em qualquer instância interna ou internacional.

As circunstâncias económicas e sociais estão a agravar-se e atingiram um estado que exigem um poder arbitral referencial, da ética à experiência, sem descurar um profundo sentido de Estado. E essas características, independentemente das características dos demais candidatos – é objectivo – só um candidato as reúne. A sobriedade que prometeu no lançamento da sua recandidatura – e que, verdade seja dita, sempre caracterizaram o Presidente – contrasta com estes tempos de deslumbramento, como o deveria ser a todos os níveis de poder (do político ao económico). Foi voz primeira a denunciar o "Monstro" e a alertar para o que nos poderia acontecer.

II. Como era evidente, Sócrates nunca quis que este Orçamento fosse viabilizado. O Orçamento era consabidamente, mais, propositadamente, mau. Quer numa perspectiva económico-financeira quer numa perspectiva técnica, com erros grosseiros nos seus pressupostos macroeconómicos, com efeitos devastadores na economia e "buracos" bem escondidos, como já aqui tive oportunidade de escrever. Um mau Orçamento é parte de uma estratégia mais vasta para tentar manter o poder: nenhum partido responsável o poderia viabilizar no estado em que foi apresentado (se o Orçamento é criminoso não se pode exigir a alguém que diga sim ou feche os olhos ao crime). Mas os maus efeitos (péssimos) do Orçamento podiam ser minimizados. Ora, isso nunca interessaria a Sócrates: a viabilização retirava-lhe os únicos trunfos que lhe restam – vitimização e fuga às suas responsabilidades governativas – e obrigava-o a conter as despesas absurdas de que a máquina que o apoia tanto precisa (daí não aceitar reduzir as receitas, isto é, os impostos, nem cortar nas despesas).

À Oposição cabia uma postura de responsabilidade: tentar minimizar os efeitos das consequências sobre as famílias e as empresas da falta de qualidade do Orçamento. Mas Sócrates consegue o que quer: a não viabilização de um documento que assim não terá de aplicar. O ponto é que o primeiro-ministro está obcecado consigo próprio e com o seu futuro e, portanto, o País e o interesse nacional são meros meios.




In Correio da Manhã

1 comentário:

Anónimo disse...

Sem qualquer fidelidade partidária (que não tenho), e depois de ter visto as reportagens sobre o assunto, julgo simples perceber que Catroga e Teixeira dos Santos (ordem alfabética) tinham chegado a um compromisso, desfeito depois de Teixeira dos Santoa, acompanhado do caniche Lacão, terem ido à residência oficial do PM que temos.