sexta-feira, maio 21, 2010

Anos e anos disto... devem ser coisas muito complicadas....


Cartão Viva Viagem é um grande quebra-cabeças -Por José António Cerejo-PUBLICO

Bilhete recarregável dos transportes de Lisboa não convence. Empresas apontam limitações tecnológicas, especialista diz que falta organização

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"Desculpe, o senhor pode ajudar-me que eu não consigo entender-me com isto?" A mulher, jovem ainda, tem na mão meia dúzia de cartões verdes. Atrás dela esperam, impacientes, cinco pessoas que querem comprar um bilhete de comboio. Na estação de Barcarena-Massamá, no sentido Sintra-Lisboa, há três máquinas automáticas para assegurar o serviço. Uma está avariada e as outras nem de longe chegam para aviar a procura neste princípio de manhã.

"Já perdi dois comboios por causa desta porcaria", exclama um homem que aguarda vez. Idosos, analfabetos, estrangeiros, utilizadores esporádicos, gente de todas as idades e nacionalidades que usa o comboio com frequência e trata por tu teclados e monitores, lidam com um sistema que parece ter sido feito para quem o conhece. "Importa-se de me tirar o bilhete?", suplica uma idosa.
Cenas como estas repetem-se a toda a hora nas estações das linhas suburbanas da CP e nas instalações do Metro de Lisboa, da Transtejo/Soflusa (ligações fluviais) e da Fertagus (comboios da Ponte 25 de Abril) onde se vende o cartão recarregável Viva Viagem, com um microchip incorporado.

Lançado em 2008, o Viva Viagem continua a ser um quebra-cabeças para muita gente, em especial para os passageiros ocasionais. Tanto mais que na maior parte dos casos, mormente no Metropolitano, não há alternativa à sua aquisição ou recarregamento nas máquinas automáticas e o sistema tornam-no complicado e pouco amigável.

Basta dizer que o Metropolitano recebeu 1888 reclamações relacionadas com o cartão Viva Viagem em 2008 e 1434 em 2009, o que corresponde a cerca de 20 por cento do total. Já a CP refere 400, a Transtejo/Soflusa 110 e a Fertagus 123, todas em 2009. E isto sabendo-se como os portugueses são avessos a formalizar queixas e reclamações, muitas vezes rodeadas de burocracias e perdas de tempo.

Uso muito limitado

Entre as queixas mais frequentes dos utilizadores destes cartões avultam a dificuldade de uso das máquinas e as limitações ao emprego de um mesmo cartão em mais do que uma empresa e em mais do que um trajecto, ainda que na mesma empresa.

De acordo com os porta-vozes da Fertagus e da Transtejo/Soflusa, a impossibilidade de carregar diferentes títulos de viagem de um único ou de vários operadores num mesmo suporte resulta das limitações tecnológicas do próprio cartão, limitações essas que a OTLIS (agrupamento de empresas que gere o Viva Viagem) está a tentar ultrapassar junto dos fornecedores.

Opinião diferente tem José Viegas, professor universitário do Instituto Superior Técnico de Lisboa e especialista em transportes, para quem o problema é de organização, ou, como diz, o que torna tudo mais confuso é o "muito deficiente enquadramento administrativo e contratual" do sistema tarifário e de remuneração dos operadores, e não o equipamento tecnológico.

Mas, como se não chegasse a ambiguidade e a pouca clareza das instruções transmitidas pelos ecrãs tácteis das máquinas, ainda sucede que de operador para operador as máquinas variam e o modo de as utilizar também. Nalguns casos, o sistema transforma-se numa charada. É o que acontece quando se tem de optar entre uma modalidade de carregamento chamada zapping e outra. Às vezes, sobretudo no metro, ainda aparece um segurança prestável que dá uma ajuda e explica que a modalidade zapping permite carregar o cartão com dinheiro utilizável em alguns dos operadores - com as excepções da CP e da Fertagus -, em vez de o carregar com viagens que se podem efectuar apenas na empresa em cuja máquina se faz o carregamento.

50 cêntimos, de cada vez

Pior do que apanhar com o zapping pela frente é colocar um cartão no leitor da máquina e perceber que ele não serve para carregar o bilhete pretendido. E isso acontece em muitas situações, nomeadamente se já lá está carregado um título de viagem de outro percurso ou de outro operador.
Por exemplo, se o candidato a viajante quer ir de Massamá para Benfica e carregou anteriormente o cartão com dois bilhetes para Rio de Mouro mas só usou um, não tem hipótese: só pode carregar mais bilhetes para Rio de Mouro. Ou então experimenta um após outro a ver se encontra algum que aceite o carregamento para o destino desejado, ou simplesmente compra um novo cartão, que lhe custa mais cinquenta cêntimos.
Viegas até considera "amigável" o sistema de bilhetes nos transportes públicos em Lisboa, embora sublinhe que essa opinião só se aplica aos utentes que fazem diariamente o mesmo percurso e recorrem, por isso, aos passes mensais. Porém, para os utilizadores "intermitentes", o sistema é "bastante menos" acessível, admite. Argumentando que "não há soluções boas" para esses casos, Viegas diz que "seria desejável que existissem passes para [um determinado número de] dias não necessariamente consecutivos", uma situação comum a outras cidades europeias, onde "os acordos de bilhética intermodal se aplicam quer aos passes mensais, quer aos bilhetes simples ou de dia", o que facilita a vida dos utentes. com Marisa Soares

6 comentários:

Anónimo disse...

Não se faz nada neste País em que não apareça um Prof. Universitário a dizer que tudo está mal, mas contribuírem eles positivamente com alguma coisa, isso é que não, e não é por falta de tempo pois de concreto em nº de horas efectivas de trabalho são 6 por semana, o q equivale a 4 dias de trabalho por mês e recebem o mês inteiro. Em comparação são mais bem pagos que o Mexia da EDP.

M Isabel G disse...

A questão é que poderiam ser aproveitadas as universidades e não são. e as universidades deveriam intervir mais e não o fazem.
Nos EUA concorrerm a imensos projectos na área da digitalização, informática, etc.
Cá não existe essa prática...

Carlos Medina Ribeiro disse...

Para se ver o respeito que o Metro tem pelos utentes, repare-se que essas máquinas de venda e de carregamento de bilhetes ainda ostentam o símbolo do Porta-Moedas MultiBanco - algo que morreu há anos e anos!

M Isabel G disse...

Querem lá saber de nós, do nosso conforto ou das nossas necessidades.
Só precisam é do nosso dinheiro dos impostos.
Por falar nisso, será que lhes diminuiram as despesas de representação e os cartões de crédito das gestores das empresas públicas (tantas inúteis)??

Anónimo disse...

Empresas públicas inúteis e gestores de empresas públicas inuteis!!!!!!!!!!!!

Isabel Rocha disse...

Amigos já andaram de transportes ultimamente? mas sem terem o passe social?... a minha aventura começou quando fui comprar bilhetes para o comboio, chego ao guiché e peço 2 bilhetes, a senhora muito simpática (not) pergunta :" já tem estes cartões?" e abana.me umas coisas verdes, eu respondi que não e ela elabora uma tese sobre os ditos cartões em como davam para mais transportes e que são recarregáveis e válidos durante um ano. Eu agradeci e disse que não os queria pois só iria precisar de andar mesmo naquele dia, ao que a senhora me responde "se não comprar os cartões não pode andar de comboio"!! escusado será dizer que comprei os ditos cartões ao preço de 0.50€ cada um. depois de comprar os cartões temos de os carregar e depois passar por outra máquina para os validar... cheguei ao metro, novo guiché! "bom dia queria 2 bilhetes para o metro por favor" a senhora pergunta "quer de ida e volta?" respondo que sim. até aqui a aventura dos bilhetes estava a correr razoavelmente bem. à vinda para cá uma amiga deu.me boleia para o comboio e não foi necessário a utilização das passagens de regresso do metro. chego à estação de comboio, dirijo-me a umas máquinas que com certeza não foram feitas para pessoas idosas e tento carregar os cartões para poder andar de comboio, ao qual a máquina me responde, "não é possível efectuar a operação... " pronto sou mesmo loira pensei eu com os meus botões... vamos lá a outro guiché que ficava só no lado oposto da estação... quando lá cheguei (passado uns quantos minutos perdida :S ) digo ao sr. "olhe quero 2 bilhetes de comboio se faz favor" ele mete os cartões noutra maquininha, devolve-mos e diz "ainda tem aqui 2 viagens de metro" ao qual eu respondo, "mas eu não quero utiliza-las por favor meta ai mais dinheiro para eu poder andar de comboio" (isto já em estado de ebulição!!) e o sr diz "enquanto não utilizar as viagens do metro, não pode carregar mais o cartão"... "mas eu tenho MESMO de apanhar o comboio" "nesse caso terá de comprar mais 2 cartões" ... já a espumar.me da boca e com os olhos raiados de sangue guincho qualquer coisa ao sr " EU NÃO QUERO MAIS CARTÕES DESSES!! VOCÊS SÃO UMA CAMBADA DE LADRÕES! TENHO DE GASTAR 2€ NUMA PORCARIA QUE NÃO VOU UTILIZAR MAIS" o sr. do guiché limita.se a empurrar.me 2 cartões novos pela portinhola e sussurra são x€ minha senhora, não se esqueça de validar os bilhetes nessa máquina ai ao lado e guarde os talões pois servem de comprovativo se a máquina do revisor der erro" acho que nesta altura lhe rosnei... e grunhi qualquer coisa como "obrigada"... depois fazem publicidade para andarmos de transportes públicos... teria ficado menos stressada se tivesse andado perdida com o meu carro no meio de Lisboa e perdido meia hora à procura de um lugar. De certeza que a gasolina e parqueamento teriam ficado mais baratos que os transportes...