sexta-feira, junho 06, 2008

Aluna atropelada saiu da escola sem autorização (JN)

O atropelamento de uma menina de 12 anos por um autocarro, anteontem, na Musgueira, em Lisboa, originou um protesto de pais e colegas de escola, que exigiram a colocação de uma passadeira junto à EB 2,3 D. José I.

"Enviei muitos ofícios para a Câmara para que resolvesse o problema ", revelou ao JN, Nuno Roque, presidente da Junta de Freguesia do Lumiar. "Nos últimos dias foi colocada uma passadeira, mas não frente à escola. Também devia ter sido colocada uma grade que canalizasse os alunos para a passadeira, evitando que isto acontecesse", acrescentou, frisando que a circulação automóvel naquela estrada - que tem quatro faixas - apenas se passou a fazer nos dois sentidos há poucos dias . Já Manuel João Ramos, vereador na Câmara de Lisboa (CML) também não poupa críticas à actuação da edilidade. "Como vereador não fiz outra coisa que não elaborar propostas para a promoção da segurança", revelou, lembrando a promessa de António Costa de haver passadeiras frente a todas as escolas. "Independentemente da responsabilidade que a menina tenha tido ao sair da escola", frisou. Do total de 480 escolas do concelho, a autarquia já fiscalizou 341 e decidiu intervir numa primeira fase em 233, das quais 138 terão trabalhos de pintura e repintura de passagens de peões.
Joana era aluna da D. José I em Lisboa, e, segundo a directora de turma, na tarde de anteontem terá saído da escola sem autorização. Conta quem assistiu ao acidente que a jovem atravessou, sem parar no separador, a Avenida Carlos Paredes, porque queria ver uma briga do outro lado da rua. As amigas ainda lhe gritaram que não passasse, mas ignorou os avisos e avançou, acabando por ser colhida por um autocarro da Carris, que lhe esmagou a cabeça com a roda traseira, provocando-lhe morte imediata.
Na zona onde tudo aconteceu - frente ao portão da escola - não existe qualquer passadeira. A mais próxima está a dezenas de metros e foi pintada há apenas cerca de 15 dias. Ontem, durante a manifestação organizada por pais e alunos, a revolta falou mais alto. Entoando cânticos com o nome da colega falecida, todos quiseram chamar a atenção para a falta de passadeira e para o facto de nem sequer haver um sinal que avise os automobilistas da proximidade do estabelecimento.
Os pais pedem que seja instalada uma vedação metálica no separador central da estrada, que obrigue os alunos a atravessar na passadeira recentemente pintada. Os alunos, para vincarem a sua pretensão, pintaram uma passadeira frente à escola, a qual, no entanto, não tem qualquer valor legal. O Conselho Executivo da D. José I e o presidente da Junta de Freguesia do Lumiar lamentam terem chamado, variadas vezes, a atenção da Câmara e nada ter sido feito para impedir uma desgraça, há muito anunciada. Por seu turno, a autarquia anunciou a "abertura imediata de um processo de inquérito", cuja conclusão terá de ser feita "com a máxima urgência".
Durante a manifestação de ontem, muitos foram aqueles que quiseram homenagear a colega desaparecida. Bruna Ferreira, com uma fotografia de Joana, recordou a sua melhor amiga. "Conheço-a desde a creche. Ainda ontem (anteontem) estive com ela só para lhe dar um beijinho... parece que foi a despedida", contou, tristemente, descrevendo a amiga como "bonita, simpática, espectacular e muito teimosa". Anabela Rodrigues, a directora, adiantou que era previsível que "qualquer coisa de grave acontecesse". "Faz falta uma passadeira e o passeio arranjado para que não tenhamos de andar na estrada", disse, lembrando os vários pedidos feitos à Câmara para a resolução destes problemas. A autarquia terá relativizado a situação e respondido que tudo seria feito "na altura em que as obras todas (Plano de Urbanização do Alto do Lumiar) ficassem concluídas", contou a presidente do Conselho Executivo, Alexandra Tavares. "Temíamos que isto acontecesse e alertámos a Câmara várias vezes ", referiu.
(ISABEL G)

2 comentários:

Anónimo disse...

Depois de ler o post relatando o caso, só ocorre dizer uma coisa: aquilo tudo é tipicamente português, infelizmente.

Desde não haver condições para o atravessamento, às promessas não cumpridas, ao inquérito anunciado à pressa (e que nenhumas consequências terá, como é costume), à (pobre) menina ter saído sem autorização «para ver uma briga».

Tirem-me daqui, tudo isto é um pesadelo!

FR disse...

LAMENTO MUITO MUITO MAS MUITO A MORTE DA MENINA.

MAS ATENÇÃO!
A CULPA É DA CÂMARA?

- Não será EM PRIMEIROS LUGAR da escola que deixa sair os alunos sem autorização?
No meu tempo era preciso um cartão assinado pelo encarregado de educação para sair do recinto da escola fora do horário.

- não será um pouquinho dos pais pela falta de educação ao não terem encinado à filha as mais elementares regras de transito "cuidado a atravessar a Rua"
É verdade que muitas promessas continuam por cumprir. Mas que raio, porque é que a culpa hade ser sempre da Cãmara?
Agora só falta chamar assassino ao motorista da Carris.