quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Viagem pelo café de Pessoa



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O poema que pagou uma conta

Sobre o poeta, António lamenta que “dois séculos de história se tenham perdido e não existam registos desses momentos”. Mas algumas peripécias resistem ao tempo e, como que representando a cena, descreve “um dia, em que Pessoa estava com Almada Negreiros, começou a trovejar. Almada saiu para a rua para ver o espectáculo e quando voltou, Pessoa estava debaixo da mesa”, puxando a toalha, como se o escritor ainda lá estivesse. Talvez por sentir Pessoa tão presente, diz a quem o visita que o poeta “foi fazer uma longa viagem”.

Sobre o poema que terá servido para pagar uma conta, António Sousa não estranha que tal possa ter acontecido. “Diz-se que Fernando Pessoa só gostava de trabalhar dois dias por semana. Como tal, quando frequentava o café, dinheiro era coisa que ele não devia ter. Depois da morte da mãe, Pessoa entrou numa fase difícil da vida. Era muito só. Aliás [aponta para as fotos que o cercam], nunca o vi sorrir numa fotografia. Pagava, então, em poemas o tempo que aqui passava”.

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- Notícias da Manhã

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