terça-feira, fevereiro 27, 2007

CML declara guerra à publicidade ilegal


Mas, publicidade ilegal, e muito mais grave que uns quantos posters colados aqui e ali, não será também aquela que existe sob a forma de telões gigantescos que ocultam propositadamente o estado de abandono de muitos edifícios em Lisboa, para que a imagem de certo prédio ou local se vá apagando da nossa memória de tal modo que, um dia, por magia, o prédio deixa de lá estar e aparece um outro em construção? Um exemplo disso é o bonito prédio de gaveto em plena Picoas, defronte à Maternidade Alfredo da Costa, paredes-meias com a Casa-Museu Anastácio Gonçalves, vulgo Casa Malhoa.

Esse prédio (e os dois que lhe estão contíguos), como se não bastasse o estado lastimável de abandono em que se encontra há décadas - foi vítima de incêndio «ocasional» e de demolição «imprevista» de paredes aquando das obras coercivas exigidas pela anterior vereação - mantém desde há largos meses um telão para publicidade que o envolve totalmente para gáudio de quem pensa, e tem razão, que a memória é curta. Motivo? Preparar terreno para a torre na foto em baixo, ou seja, para o chamado Edifício Compave, projectado há alguns anos pelo Arq. Ricardo Boffil, e em relação ao qual a actual CML tem vindo a mostrar particular interesse (vá-se lá saber a razão...) em «acarinhar».



Foto: Skyscrapercity Foruns

7 comentários:

André Bernardes disse...

(...) causa-me alguma estranheza, tal mistura destes 'post', tanto como a justificação da recente acção mediática, a propósito de (lisboa precisar de)limpezas...continuando esse caminho de equívocos, apetece perguntar: e resulta?

Paulo Ferrero disse...

Caro André Bernardes

Não resultará tanto em termos de luta contra os papéis colados aqui e acolá, pois levam com a agulheta, mas amanhã estão lá outra vez. Mas resulta perfeitamente para quem quer esconder com telões os prédios abandonados para os ir destruindo a pouco e pouco ... et-voilà! prédio abaixo. venha outro. A estratégia é vergonhosa mas dá resultados plenos, basta ir até às Avenidas Novas para ver o que aconteceu a uma série de prédios.

Mas neste post até me esqueci doutra peça do puzzle: a publicidade legal que é mais nefasta do que os posters colados, e que está na miríade de mupis espalhados pelos passeios, obstruindo passadeiras, bocas de Metro,etc.; mais a publicidade nas paragens de autocarro, postes, etc. Enfim, é o "pugresso".

Anónimo disse...

72 horas depois o eixo intervencionado continua a ser respeitado. Assim é que deve ser! Mas eles andam por aí a mirar. Espero ver neste espaço, onde se discute e pensa Lisboa, um veemente protesto aos primeiros infractores.... sejam eles quem forem.

Paulo Ferrero disse...

A propósito da publicidade que está a ser esguichada por agulheta, aqui fica uma reclamação de um morador de Benfica ... que não deixa de ser oportuno quanto à designação de "publicidade ilegal":

«Na Estrada de Benfica, Avenida Gomes Pereira e Avenida Uruguai há vários editais da junta de freguesia de Benfica ou da própria CML ( sobretudo sobre resultados eleitorais ou actos eleitorais), colados em edificios de habitação particulares, edificios que estão habitados, ainda por cima»

André Bernardes disse...

(...) a dita publicidade legal ou ilegal, ou a recente proliferação de telões a esconder os devolutos (não só em Lisboa!) e as obras, fazem sem dúvida, e como diz, parte do mesmo puzzle, e ao fim e ao cabo, o reflexo de um mesmo problema, maior, que é o progressivo abandono e processo de desqualificação da cidade.

Problema que só será ultrapassado quando se descortinar qual é afinal a 'figura' do puzzle, quando se souber o que há a fazer, delineando quais acções a implementar no terreno, através de uma gestão urbana integrada, capaz e responsável que não se esgote em manobras mediáticas...

É que se não se fizer nada, de certeza que os tais ex.ºs, continuarão a multiplicar-se, preenchendo este espaço, da publicidade selvagem, ao estacionamento, à insegurança,etc que a todos envergonha, e que se podem traduzir nas peças soltas que não encaixam, se somam e se avolumam num processo caótico...

Aliás, sobre publicidade e mobiliário urbano, o que há a dizer (e a fazer) encontra-se quase tudo na passagem da singular Proposta de Revitalização da Baixa-Chiado, p.97-101, que está acessível em http://www.cm-lisboa.pt/docs/ficheiros/baixa_chiado_set_06.zip

É também verdade, e uma evidência incontornável, que antes de se poder pensar em fazer puzzles...ter-se-á que ter a disponibilidade necessária, a... vontade e o engenho(!) para além da certeza de que é necessário arrumar a casa, de que a mesa que lhe serve de suporte não é atabalhoadamente requisitada para o...jantar!?

Anónimo disse...

para obter imagens dos projectos propostos para lisboa visite:

www.lx-projectos.blogspot.com

Anónimo disse...

Prédio bonitinho... pois, ok. Mas essa postura nostalgica tipicamente portuguesa estagna tudo e todos... e estagna principalmente mentalidades. Apoio a manutenção do nosso património, mas se querem avançar para um bom projecto no lugar de um prédio devoluto, venha ele! O núcleo de Lisboa não pode ser só edifícios restaurados/recuperados porque são bonitos... Mas pronto, quem sou eu, simples português... Tapem lá o prédio nem que seja com lençois e depois de vir abaix, façam a torre!! Quanto à publicidade, também não sou grande apologista desta, quando em certas condições e apoio a vossa visão. Cumprimentos